UM CERTO SPLEEN TARDIO
Não dá pra disfarçar
A tristeza
A blusa amarela
A calça azul-marinho
O sapato novo luzindo
O passo de dança
Como um bailado de rua
Enquanto ainda há vento na cidade
Mas os edifícios crescem gigantes
Na construção da mimese das grandes metrópoles
Aumentando o calor da província
Sufocando os pulmões que eram tão puros
O spleen está na cara
A alma se vê por fora
Parece o absurdo da cidade
Tão bruta
Atropelando-se na confusão dos dias
Um flanêur periférico é como
Sempre um flanêur
Um passante deslocado na paisagem
João Batista de Morais Neto
terça-feira, 27 de abril de 2010
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meu amigo joão só você e suas manias esquisitas, como a de inventar um blog com o nome de desalinhos, e posar de flaneur periférico, e cultivar um spleen ainda que tardio, e um poeta grego, para mim desconhecido, com o nome de kálas, pensei, amigo joão, que a surpresa que impudicamente
ResponderExcluircostuma rebentar de um verso, um gesto ou uma palavra sua, iria novamente restaurar a alegria e afugentar o tédio.não se chega, meu caro joão, impunemente aos sessenta e sete anos, que completo daqui para o final de junho.não me culpe pelo tom disfórico deste comentário.teu poema, a ponte newton navarro perdendo-se em uma bruma, e depois kálas, joão, e paul celan, não poeta, talvez não haja culpados nessa forma esquisita de chorar e convocar a morte, que bem pode ser uma velha capitã, como no poema de baudelaire. depois, joão, porque nessa província se cultiva o spleen ? você e franklin jorge e, antes, o macaibense henrique castriciano, o mestiço fileleno que cultivava estefanotes, a flor mais adequada para os túmulos.demais o seu desalinhos, joão. ia escrever um comentário em 144 caracteres, terminei escrevendo uma epístola que poucos, além de mim e você, lerão. quem sabe as brumas que ferem as pontes, os ruídos dos teus sapatos dançando uma valsa,o spleen e o vento decifrarão esta encanecida epístola. abraços, irmão.
muito, muito bonito, João.
ResponderExcluirsaudade.
bjos
marcinha
marcinha, minha filha, que saudade! João
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