Lembro-me bem de minha roupa cor de vinho
E pérola e do guarda-chuva
Que também tinha cor de sangue
Aguardando tua chegada sob a chuva
Meu peito sem rédea era socado por pedras
À simples pronúncia do teu nome
Um jardim morto
Era o que havia então
Onde fui bela e forte e tu eras amada
Lembro-me bem do meu pranto de meretriz
Dos escândalos que fiz e do consolo infeliz
Que tu me davas com aquela maldita frase
De Oscar Wilde:
"Os corações existem para serem despedaçados"
Iracema Macedo
MACEDO, Iracema. Poemas inéditos e outros escolhidos. Natal: Sebo Vermelho, 2010, p. 34.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Noturno recifense
Passou ao largo o vendedor de flores.
- Estou sozinho.
Logo aqui onde outrora os belos destinos
floresciam.
Nem me notou o vendedor de flores.
- Estou sozinho.
Sabedor que a noite não é de pássaros erradios
nem me olhou o vendedor de flores.
Vindo de céus olvidados pousou um anjo.
Por ele e por mim passou, sem nos ligar,
o vendedor de flores -
que o nosso jardim não carece delas.
Benito Barros
BARROS, Benito. Cemitério de pipas. Macau: ICEC, 1998, p. 109.
- Estou sozinho.
Logo aqui onde outrora os belos destinos
floresciam.
Nem me notou o vendedor de flores.
- Estou sozinho.
Sabedor que a noite não é de pássaros erradios
nem me olhou o vendedor de flores.
Vindo de céus olvidados pousou um anjo.
Por ele e por mim passou, sem nos ligar,
o vendedor de flores -
que o nosso jardim não carece delas.
Benito Barros
BARROS, Benito. Cemitério de pipas. Macau: ICEC, 1998, p. 109.
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