sábado, 27 de março de 2010

Poemas

EL AMOR DUERME EN EL PECHO DEL POETA

Tú nunca entenderás lo que te quiero
porque duermes em mí y estás dormido.
Yo te oculto llorando, perseguido
por una voz de penetrante acero.

Norma que agita igual carne y lucero
trespasa ya mi pecho dolorido
y las turbias palabras han mordido
las alas de tu espíritu severo.

Grupo de gente salta en los jardines
esperando tu cuerpo y mi agonía
en caballos de luz y verdes crines.

Pero sigue durmiendo, vida mía.
!Oye mi sangre rota en los violines!
!Mira que nos acechan todavía!

Federico García Lorca





O AMOR DORME NO PEITO DO POETA

Não mais entenderás quanto eu te quero,
porque em mim dormes e estás adormecido.
Eu escondo-te a chorar, e perseguido
por uma voz de aço que penetra.

Regra que a carne e o esplendor excita,
trespassa já meu peito dolorido
e as túrbidas palavras já morderam
as asas do teu severo espírito.

Há pessoas que saltam nos jardins
esperando o teu corpo e minha agonia,
em cavalos de luz e verdes crinas.

Mas vai tu dormindo, vida minha.
Ouve o meu sangue solto nos violinos!
Ainda há gente, vê, que nos espia!

Federico García Lorca

LORCA, Federico García. Amor obscuro.Tradução de António Moura. Lisboa: Hiena, 1992.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A FEDERICO GARCÍA LORCA

Sobre teu corpo, que há dez anos
se vem transfundindo em cravos
de rubra cor espanhola,
aqui estou para depositar
vergonha e lágrimas.

Vergonha de há tanto tempo
viveres - se morte é vida -
sob chão onde esporas tinem
e calcam a mais fina grama
e o pensamento mais fino
de amor, de justiça e paz.

Lágrimas de noturno orvalho,
não de mágoa desiludida,
lágrimas que tão-só destilam
desejo e ânsia e certeza
de que o dia amanhecerá.

(Amanhecerá.)

Esse claro dia espanhol,
composto na treva de hoje,
sobre teu túmulo há de abrir-se,
mostrando gloriosamente
- ao canto multiplicado
de guitarra, gitano e galo -
que para sempre viverão

os poetas martirizados.

Carlos Drummond de Andrade

IN: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003,p. 237.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rua Dr. Barata


E de repente Natal
virou mesmo Hollywood.
Passeava o Rei Faissal,
Tyrone Power e Roosevelt.

Evita Peron, Joe Brown,
Bernhardt of Hetherlands,
Eva Curie, Eisenhower,
e o Admiral Briggs.

Inglês emergencial
até pra quem não estude:
Good morning matinall
e à noite, Mary Good.

Vão da Ribeira ao Tirol
sugestões para que mude
o idioma nacional
por um outro, very good.

Wonder Bar monumental.
Juke-box, sounds good.
Tão de repente Natal
virou mesmo Hollywood.

Paulo de Tarso Correia de Melo

In: MELO, Paulo de Tarso Correia de.Folhetim cordial da guerra em Natal e Cordial folhetim da guerra em Parnamirim.2 ed. Natal: Edufrn, 2008, p. 27.

domingo, 7 de março de 2010

O Rilke concreto

I, 22

Wir sind die Treibendem.
Aber den Schritt der Zeit,
nehmt ihn als Kleinigkeit
im immer Bleibendem.

Alles das Eilende
wird schon vorüber sein;
denn das Verweilende
erst weiht uns ein.

Knaben, o werft den Mut
nicht in die Schnelligkeit,
nicht in den Flugversuch.

Alles ist ausgeruht:
dunkel und Helligkeit,
Blume und Buch.

Rainer Maria Rilke


I, 22
A nós, nos cabe andar.
Mas o tempo, os seus passos,
são mínimos pedaços
do que há de ficar.

É perda pura
tudo o que é pressa;
só nos interessa
o que sempre dura.

JOvem, não há virtude
na velocidade
e no voo, aonde for.

Tudo é quietude:
escuro e claridade,
livro e flor.

Tradução: Augusto de Campos

IN: CAMPOS, Augusto de. Rilke: poesia-coisa.Rio de Janeiro: Imago, 1994, p. 66-67.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Poesia grega antiga

IX: 569

Pois em verdade eu já fui rapaz, já fui donzela,
fui arbusto, pássaro, ardente peixe do mar.

Empédocles

Tradução: José Paulo Paes

IN: PAES, José Paulo (Seleção, tradução, notas e prefácio). Poemas da Antologia Grega ou Palatina. Séculos VII a.C. a V d.C.São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 21.

terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010