pois esse é o mês bastardo, azinhavre
engole o que há de doce nos metais
silêncio embaça a pele dos diários
lençóis têm cor de áridos lençóis
existe azul, mas é um azul de asma
que a nitidez da tarde faz em cápsula
espelhos só devolvem olheira e pragas
um gesto que de fácil despedaça
catódica essa luminosidade
estranha o sol repele o sol. intacto
o tique que quedou meus dias gagos
a rima fica lívida nos lábios
e dor sem voz passeia o seu contágio
um gato eletrifica. arrisco maio.
Claudia Roquette-Pinto
IN: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Esses poetas. Uma antologia dos anos 90. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998, p. 118.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
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