EL AMOR DUERME EN EL PECHO DEL POETA
Tú nunca entenderás lo que te quiero
porque duermes em mí y estás dormido.
Yo te oculto llorando, perseguido
por una voz de penetrante acero.
Norma que agita igual carne y lucero
trespasa ya mi pecho dolorido
y las turbias palabras han mordido
las alas de tu espíritu severo.
Grupo de gente salta en los jardines
esperando tu cuerpo y mi agonía
en caballos de luz y verdes crines.
Pero sigue durmiendo, vida mía.
!Oye mi sangre rota en los violines!
!Mira que nos acechan todavía!
Federico García Lorca
O AMOR DORME NO PEITO DO POETA
Não mais entenderás quanto eu te quero,
porque em mim dormes e estás adormecido.
Eu escondo-te a chorar, e perseguido
por uma voz de aço que penetra.
Regra que a carne e o esplendor excita,
trespassa já meu peito dolorido
e as túrbidas palavras já morderam
as asas do teu severo espírito.
Há pessoas que saltam nos jardins
esperando o teu corpo e minha agonia,
em cavalos de luz e verdes crinas.
Mas vai tu dormindo, vida minha.
Ouve o meu sangue solto nos violinos!
Ainda há gente, vê, que nos espia!
Federico García Lorca
LORCA, Federico García. Amor obscuro.Tradução de António Moura. Lisboa: Hiena, 1992.
sábado, 27 de março de 2010
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