tag:blogger.com,1999:blog-16270194184101277012024-03-13T16:06:32.212-07:00DESALINHOStextos, beijos e brisasJoão Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.comBlogger130125tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-52484968371694272372011-12-08T05:40:00.000-08:002011-12-08T05:51:18.235-08:00Filhos da épocaSomos filhos da época<br />e a época é política.<br /><br />Todas as tuas, nossas, vossas coisas<br />diurnas e noturnas,<br />são coisas políticas.<br /><br />Querendo ou não querendo,<br />teus genes têm um passado político,<br />tua pele, um matiz político,<br />teus olhos, um aspecto político.<br /><br />O que você diz rem ressonância,<br />o que silencia tem um eco<br />de um jeito ou de outro político.<br /><br />Até caminhando e cantando a canção<br />você dá passos políticos<br />sobre um solo político.<br /><br />Versos apolíticos também são políticos,<br />e no alto a lua ilumina<br />com um brilho já pouco lunar.<br />Ser ou não ser, eis a questão.<br /><br />Qual questão, me dirão.<br />Uma questão política.<br /><br />Não precisa nem mesmo ser gente<br />para ter significado político.<br />Basta ser petróleo bruto,<br />ração concentrada ou matéria reciclável..<br />Ou mesa de conferência cuja forma<br />se discutia por meses a fio:<br />deve-se arbitrar sobre a vida e a morte<br />numa mesa redonda ou quadrada.<br /><br />Enquanto isso matavam-se os homens,<br />morriam os animais,<br />ardiam as casas,<br />ficavam ermos os campos,<br />como em épocas passadas<br />e menos políticas.<br /><br />Wislawa Szymborska<br /><br />IN: SZYNBORSKA, Wislawa. <span style="font-style:italic;">Poemas<span style="font-weight:bold;"></span></span>. Seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 77-78.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-3781145527411367512011-12-01T09:25:00.000-08:002011-12-01T09:26:24.759-08:00<span style="font-weight:bold;">Lanterna Dos Afogados</span><br />Herbert Vianna<br /><br />Quando tá escuro<br />E ninguém te ouve<br />Quando chega a noite<br />E você pode chorar<br /><br />Há uma luz no túnel Dos desesperados<br />Há um cais de porto<br />Pra quem precisa chegar<br /><br />Eu estou na lanterna dos afogados<br />Eu estou te esperando<br />Vê se não vai demorar<br /><br />Uma noite longa<br />Pra uma vida curta<br />Mas já não me importa<br />Basta poder te ajudar<br />E são tantas marcas<br />Que já fazem parte<br />Do que eu sou agora<br />Mais ainda sei me virar<br /><br />Eu tô na lanterna dos afogados<br />Eu tô te esperando<br />Vê se não vai demorarJoão Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-56656814757318384222011-04-11T16:50:00.000-07:002011-04-11T16:55:15.204-07:00Uma lupicínicaAVES DANINHAS<br />Lupicínio Rodrigues<br />Composição : Lupicínio Rodrigues <br /><br /><br />Eu não quero falar com ninguém<br />Eu prefiro ir pra casa dormir<br />Se eu vou conversar com alguém<br />As perguntas se vão repetir <br />Quando eu estou em paz com meu bem <br />Ninguém por ela vem perguntar <br />Mas sabendo que andamos brigados<br />Esses malvados querem me torturar<br /><br />Se eu vou a uma festa sozinho<br />Procurando esquecer o meu bem<br />Nunca falta um engraçadinho <br />Perguntando ela hoje não vem<br />Já não chegam essas mágoas tão minhas<br />A chorar nossa separação<br />Ainda vem essas aves daninhas <br />Beliscando o meu coração.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-71143196886329510652011-03-27T10:49:00.000-07:002011-03-27T10:57:22.785-07:00RILKE-AUGUSTODER DICHTER<br /><br />Du entfernst dich von mir, du Stunde,<br />Wunder schlägt mir dein flügleschlag.<br />Allein: was soll ich mit meinem Munde?<br /><br />Ich habe keine Geliebte, kein Haus,<br />keine Stelle, auf der ich lebe.<br />Alle Dinge, an die ich mich gebe,<br />werden reich und geben mich aus.<br /><br />Rainer Maria Rilke<br /><br /><br />O POETA<br /><br />Já te despedes de mim, Hora.<br />Teu golpe de asa é o meu açoite.<br />Só: que fazer da boca, agora?<br />Que fazer do dia, da noite?<br /><br />Sem paz, sem amor, sem teto,<br />caminho pela vida afora.<br />Tudo aquilo em que ponho afeto<br />fica mais rico e me devora.<br /><br />Tradução: Augusto de Campos<br /><br />CAMPOS, Augusto de. <em>Rilke: poesia-coisa</em>. Rio de Janeiro: Imago, 1994.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-59536274576988572802011-03-26T08:38:00.000-07:002011-03-26T08:46:59.233-07:00artigos para presenteaos corações namorados<br />desejo uma forração de pneu<br />para tratores, é desnivelada<br />a estrada do amor<br /><br />e o raro dom de transformar<br />as máquinas pesadas da convivência<br />em miniaturas de máquinas pesadas<br />da convivência<br /><br />uma jaqueta corta-frio para distâncias<br />convenientes e forçadas, brigas de quarta<br />série primária e joguinhos de salão<br />ao relento. já aos corações devotados<br /><br />aos seus corações namorados desejo,<br />sobretudo, o enrosco, aquele laço fatal<br />do nhenhenhem do carinho e o tempo<br />medido por um relógio de pulso quebrado.<br /><br /><br />Bruna Beber<br /><br />BEBER, Bruna. <em>Balés</em>. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2009, p. 21.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-57943481264268636782011-02-26T05:36:00.000-08:002011-02-26T05:39:26.860-08:00pra curtir no carnaval ou na quaresma e sempreQuando Você Voltar<br />Legião Urbana<br />Composição: Renato Russo<br /><br />Vai, se você precisa ir<br />Não quero mais brigar esta noite<br />Nossas acusações infantis<br />E palavras mordazes que machucam tanto<br />Não vão levar a nada, como sempre<br />Vai, clareia um pouco a cabeça<br />Já que você não quer conversar.<br />Já brigamos tanto<br />Mas não vale a pena<br />Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV<br />Sei que existe alguma coisa incomodando você<br />Meu amor, cuidado na estrada<br />E quando você voltar<br />Tranque o portão<br />Feche as janelas<br />Apague a luz<br />e saiba que te amo..João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-1742299388101580152011-02-26T05:23:00.000-08:002011-02-26T05:26:26.273-08:00o combate entre o carnaval e a quaresma, brueghel<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/-2j9NebLPcoU/TWj_Ylx7FrI/AAAAAAAAAGs/xf3YpbqmVr8/s1600/bruegel-the-fight-between-carnival-and-lent-Cpia.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 292px;" src="http://4.bp.blogspot.com/-2j9NebLPcoU/TWj_Ylx7FrI/AAAAAAAAAGs/xf3YpbqmVr8/s400/bruegel-the-fight-between-carnival-and-lent-Cpia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5577988936421807794" /></a>João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-66498084072835427322011-02-09T11:13:00.000-08:002011-02-09T11:20:47.941-08:00OFF PRICEQue a sorte me livre do mercado<br />e que me deixe<br />continuar fazendo (sem o saber)<br /> fora de esquema <br /> meu poema<br />inesperado<br /><br /> e que eu possa<br /> cada vez mais desaprender<br /> de pensar o pensado<br />e assim poder<br />reinventar o certo pelo errado<br /><br /><br />Ferreira Gullar<br /><br /><br />GULLAR, Ferreira. <span style="font-style:italic;">Em alguma parte alguma</span>. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010, p. 35.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-42012748411902589852011-01-15T03:52:00.000-08:002011-01-15T03:53:54.633-08:00Jean-Michel Basquiat<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TTGKn3eYmmI/AAAAAAAAAGg/XCtkxJ4hWZo/s1600/basquiat.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 296px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TTGKn3eYmmI/AAAAAAAAAGg/XCtkxJ4hWZo/s400/basquiat.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5562379432290196066" /></a>João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-55548099056770405442010-12-30T04:59:00.000-08:002010-12-30T05:09:54.187-08:00Lota de Macedo SoaresLembro-me bem de minha roupa cor de vinho<br />E pérola e do guarda-chuva<br />Que também tinha cor de sangue<br />Aguardando tua chegada sob a chuva<br /><br />Meu peito sem rédea era socado por pedras<br />À simples pronúncia do teu nome<br />Um jardim morto<br />Era o que havia então<br />Onde fui bela e forte e tu eras amada<br /><br />Lembro-me bem do meu pranto de meretriz<br />Dos escândalos que fiz e do consolo infeliz<br />Que tu me davas com aquela maldita frase<br />De Oscar Wilde:<br />"Os corações existem para serem despedaçados"<br /><br /><br />Iracema Macedo<br /><br />MACEDO, Iracema. <span style="font-style:italic;">Poemas inéditos e outros escolhidos</span>. Natal: Sebo Vermelho, 2010, p. 34.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-31636540922970467282010-12-03T12:22:00.000-08:002010-12-03T12:33:38.739-08:00Noturno recifensePassou ao largo o vendedor de flores.<br />- Estou sozinho.<br />Logo aqui onde outrora os belos destinos<br />floresciam.<br /><br />Nem me notou o vendedor de flores.<br />- Estou sozinho.<br /><br />Sabedor que a noite não é de pássaros erradios<br />nem me olhou o vendedor de flores.<br /><br />Vindo de céus olvidados pousou um anjo.<br />Por ele e por mim passou, sem nos ligar,<br />o vendedor de flores -<br />que o nosso jardim não carece delas.<br /><br />Benito Barros<br /><br />BARROS, Benito. <span style="font-style:italic;">Cemitério de pipas</span>. Macau: ICEC, 1998, p. 109.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-18778340369794968992010-11-11T01:07:00.000-08:002010-11-11T01:09:47.555-08:00AboioAboio<br />Caetano Veloso<br /><br /><br /><br />Urbe imensa<br />Pense o que é e será e foi<br />Pensa no boi<br />Enigmática máscara boi<br />Tem piedade<br /><br />Megacidade<br />Conta teus meninos<br />Canta com teus sinos<br />A felicidade intensa<br />Que se perde e encontra em ti<br />Luz dilui-se<br />E adensa-se<br /><br />Pensa-te<br /><br />© Uns Produções Artísticas LtdaJoão Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-8112874541986758382010-11-11T00:56:00.000-08:002010-11-11T01:00:30.802-08:00Beira-marBeira-Mar<br />letra e música - Zé Ramalho<br /><br /><br />Eu entendo a noite como um oceano<br />Que banha de sombras o mundo de sol<br />Aurora que luta por um arrebol<br />De cores vibrantes e ar soberano<br />Um olho que mira nunca o engano<br />Durante o instante que vou contemplar<br />Além, muito além, onde quero chegar<br />Caindo a noite me lanço no mundo<br />Além do limite do vale profundo<br />Que sempre começa na beira do mar<br /><br />Por dentro das águas há quadros e sonhos<br />E coisas que sonham o mundo dos vivos<br />Peixes milagrosos, insetos nocivos<br />Paisagens abertas, desertos medonhos<br />Léguas cansativas, caminhos tristonhos<br />Que fazem o homem se desenganar<br />Há peixes que lutam para se salvar<br />Daqueles que caçam em mar revoltoso<br />Outros que devoram com gênio assombroso<br />As vidas que caem na beira do mar<br /><br />Até que a morte eu sinta chegando<br />Prossigo cantando, beijando o espaço<br />Além do cabelo que desembaraço<br />Invoco as águas a vir inundando<br />Pessoas e coisas que vão arrastando<br />Do meu pensamento já podem lavar<br />No peixe de asas eu quero voar<br />Sair do oceano de tez poluída<br />Cantar um galope fechando a ferida<br />Que só cicatriza na beira-do-mar<br /><br />© EMI Songs do Brasil Edições Musicais Ltda.<br /><br /><br />Ficha técnica da faixa<br />violão e voz: Zé RamalhoJoão Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-37808297139493815722010-11-11T00:48:00.000-08:002010-11-11T00:50:04.477-08:00ROTHKO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TNuuEgiYQ2I/AAAAAAAAAGU/PE2lGZ0kz5E/s1600/g051_rothko_vbkoy-wr.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 325px; height: 400px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TNuuEgiYQ2I/AAAAAAAAAGU/PE2lGZ0kz5E/s400/g051_rothko_vbkoy-wr.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538211559258997602" /></a>João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-62475174803486145092010-11-07T12:51:00.000-08:002010-11-07T13:04:02.099-08:00Lírica espanholaROSA DE MELANCOLIA<br /><br />Era eu noutro tempo um pastor de estrelas,<br />e a vida era como luminoso canto.<br />Um símbolo eram as coisas mais belas<br />para mim: a rosa, a menina, o acanto.<br /><br />E era a harmoniosa voz do mundo, u'a<br />onda azul que rompe na praia de ouro,<br />cantando o oculto poderio da lua<br />sobre os destinos do humano coro.<br /><br />Dava-me Epicuro suas ânforas cheias,<br />um fauno me dava sua agreste alegria,<br />um pastor da Arcádia, mel de suas colmeias.<br /><br />Mas até o sonho navegando um dia,<br />escutei distante canto de sereias<br />e adoeceu minha alma de Melancolia.<br /><br />Ramón María del Valle-Inclán<br /><br />Tradução: Fábio Aristimunho Vargas<br /><br />IN: VARGAS, Fábio A (Org.). <span style="font-style:italic;">Poesia espanhola</span>. Das origens à guerra civil. São Paulo: Hedra, 2009, p. 96.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-79156432506016139492010-10-12T13:11:00.000-07:002010-10-12T13:17:21.072-07:00leminskianaEsta vida de eremita<br />é, às vezes, bem vazia.<br />Às vezes, tem visita.<br />Às vezes, apenas esfria.<br /><br />Paulo Leminski<br /><br />LEMINSKI, Paulo. <span style="font-style:italic;">La vie en close</span>. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 70.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-3208506454110309592010-09-17T11:38:00.000-07:002010-09-17T11:39:52.774-07:00Cais<br />Milton Nascimento<br />Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos<br /><br />Para quem quer se soltar invento o cais<br />Invento mais que a solidão me dá<br />Invento lua nova a clarear<br />Invento o amor e sei a dor de me lançar<br />Eu queria ser feliz<br />Invento o mar<br />Invento em mim o sonhador<br />Para quem quer me seguir eu quero mais<br />Tenho o caminho do que sempre quis<br />E um saveiro pronto pra partir<br />Invento o cais<br />E sei a vez de me lançarJoão Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-54839394136346661862010-09-11T06:37:00.000-07:002010-09-11T06:41:35.342-07:00Se me olhamPor que quase tudo perdi,<br />tornei-me sem adereços.<br />Nada existe que me tire<br />de mim mesma.<br />Nem mesmo esses cadáveres<br />de plástico em seus simulacros<br />de alabastro.<br />Se me olham, não me alcançam.<br />Nem ouvem o que minha alma diz:<br /><em>Não quero mais o que jamais quis</em>.<br /><br />Marize Castro<br /><br />IN: CASTRO, Marize. <em>Lábios-espelhos</em>. Natal: Una, 2009, p. 37.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-70216947724714379542010-09-11T06:16:00.000-07:002010-09-11T06:20:36.085-07:00apanhadode certos ritmos<br />quase em segredo<br />como que a roçar<br />uma como que pele da alma<br />e a desmatar de onde<br /><br />inflexões de onde<br />de onde dos quintais<br />de onde dos porões<br />da umidade de onde<br />do silêncio de onde<br />da noite e breu<br /><br />de onde e o que mais<br />se a tanto<br />pequena percussão<br />pelo menos um rastro<br />vida afora<br /><br />Júlio Castañon Guimarães<br /><br />In: <em>Poemas </em>(1975-2005). São Paulo: Cosacnaify, 2006.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-45941534218947935522010-08-26T12:34:00.000-07:002010-08-26T12:36:41.657-07:00Outro princípio de incêndio...a tua cabeleira feita de sombras negras...<br /><br />Mário Quintana<br /><br /><br />IN: QUINTANA, Mário. <em>Nova antologia poética</em>.São Paulo: Globo, 2007, p. 125.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-39674057904872470132010-08-20T11:50:00.000-07:002010-08-20T11:52:04.539-07:00Henri Rousseau<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TG7On_fCG_I/AAAAAAAAAGE/7J5xEews5TE/s1600/flamant.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 279px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TG7On_fCG_I/AAAAAAAAAGE/7J5xEews5TE/s400/flamant.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5507566580772510706" /></a>João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-24141656935385029322010-08-15T05:16:00.000-07:002010-08-15T05:21:45.872-07:00A lírica gregaVII: 24<br /><br />Videira, mãe da uva e do vinho que a tudo apaziguas,<br />possa a teia de tuas gavinhas tortuosas<br />florescer, exuberante, no chão fino e coroar<br />a estela da tumba do teano Anacreonte,<br />para que ele, festeiro e ébrio do vinho a que é tão dado,<br />tangendo sua lira de amante de rapazes<br />noite afora, sob a terra, tenha acima da cabeça<br />os galhos com o esplêndido racimo maduro,<br />e que possa umedecê-lo sempre o sereno da noite<br />que sua boca de ancião tão doce respirava.<br /><br />Tradução: José Paulo Paes<br /><br />IN: PAES, José Paulo. <em>Poemas da antologia grega ou palatina</em>. Séculos VII a.C. a V d.C. Seleção, tradução, notas e posfácio de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p.15.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-55012844787436670552010-08-13T03:41:00.000-07:002010-08-13T03:44:37.836-07:00Os clássicosx: 107<br /><br />Nenhum mortal é feliz sem que o deus queira assim.<br />Quanta desigualdade na sorte dos mortais!<br />Uns se saem bem na vida, outros porém que honram<br />os deuses passam por dolorosos infortúnios.<br /><br />Eurípedes<br /><br />Tradução: José Paulo Paes<br /><br />IN: PAES, José Paulo. <em>Poemas da antologia grega ou palatina</em>. Séculos VII a.C. a V d.C. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 19.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-17942173508868098162010-08-08T07:13:00.000-07:002010-08-08T07:29:59.290-07:00Soneto de Dante, de Vida NovaGuido, eu quisera que tu, Lapo e eu<br />fôssemos presa de um encantamento<br />e postos numa nave solta ao vento<br />vogando pelo mar segundo o teu,<br /><br />nosso desejo o que a sorte escolheu<br />para em nada encontrar impedimento.<br />De modo que entre nós cada momento<br />unisse bem vosso desejo ao meu <br /><br />Senhora Vana e Dona Lágia então<br />e a do número trinta residente<br />a nós trouxesse o mago, tempo além:<br /><br />e aí, falar de amor, e da questão<br />de estarem todas três muito contentes<br />como haveríamos de estar também.<br /><br />Dante Alighieri<br /><br />Tradução: Jorge Wanderley<br /><br />IN:STERZI, Eduardo. <span style="font-style:italic;">Por que ler Dante<span style="font-style:italic;"></span></span>. São Paulo: Globo, 2008, p. 134-135.João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1627019418410127701.post-70811256338449557292010-07-12T12:04:00.000-07:002010-07-12T12:07:10.703-07:00Os amantes, de René Magritte<a href="http://3.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TDtnpYAc-JI/AAAAAAAAAF8/Y5aSJs-uq-k/s1600/sem+t%C3%ADtulo.bmp"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 293px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_wK8GhbGdjZU/TDtnpYAc-JI/AAAAAAAAAF8/Y5aSJs-uq-k/s400/sem+t%C3%ADtulo.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493098131025098898" /></a>João Batista de Morais Netohttp://www.blogger.com/profile/09151258435296626557noreply@blogger.com0