Quero chorar minha mágoa, e to digo
para que tu me ames e me chores
em um anoitecer de rouxinóis,
com um punhal, com beijos e contigo.
Quero matar a única testemunha
para o assassinato de minhas flores
e converter meu pranto e meus suores
em eterno montão de duro trigo.
Que não acabe nunca a madeixa
do bem-me-quer, mal-me-quer, sempre ardida
com decrépito sol e lua velha.
Que o que não me dás e não te peça
será para a morte, que não deixa
nem sombra pela carne estremecida.
Federico García Lorca
Tradução: William Agel de Mello
In: LORCA, Federico García. Antologia Poética. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
domingo, 20 de dezembro de 2009
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