terça-feira, 3 de novembro de 2009

Poema

A Carlos Drummond de Andrade

Há muitas sombras no mundo
Elas ventam nas nuvens
e no ar
brilham solitárias como topázio -
gotas de luz apagadas

Os astros ventam
A sombra é o vento dos astros

No fundo das águas prisioneiras
de lagos e açudes
há um vento de águas -
sombras

No mar
refratam-se submersas
viageiras
em meio a florestas de alga -
sombra das sombras emersas

São feitas - as sombras - de ar
escuro
Lembram o tudo e o nada

O voo das sombras
gira em torno de uma coluna
sonora, o poema -
luz de dentro

Fora

Francisco Alvim

IN: Elefante.São Paulo: Companhia das Letras, 2000,p.70-71.

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