domingo, 6 de junho de 2010

Um poema de Edna St. Vincent Millay

Lamento sem música


Não estou conformada com o encerramento na terra de
corações apaixonados.
Assim é e será pois sempre foi, em qualquer época
passada.
Vão para a sombra os sábios, os amáveis. Coroados
com lírios e louros; mas eu não estou conformada.

O amante, o pensador, na terra com eles você se
confundiu.
Na bruta e promíscua poeira, como corpo dos outros, o
seu.
Um fragmento do que você soube, do que você sentiu.
Uma fórmula, uma frase ficam; mas o melhor se perdeu.

A resposta arguta, o olhar honesto, o amor, o riso perfeito
- Perdidos. Foram alimentar as rosas. Elegante, ondulado,
se descerra.
O canteiro. Fragrantes, os canteiros. Eu sei. Mas não
aceito.
Mais preciosa era a luz dos seus olhos que todas as rosas da
terra.


Tradução: Jorge Wanderley.

In: WANDERLEY, Jorge. Antologia da nova poesia norte-americana. Seleção, tradução e notas de Jorge Wanderley. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1992, p.147-148.

5 comentários:

  1. Belo poema, criativa tradução. Ou vice-versa ?

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  2. parabéns João da Rua e do Mundo!!
    Cgurgel

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  3. amigo joão, passo por aqui como o ritual de ir às missas todos os dias. minha religião, como a de todos os poetas, é a poesia. seu desalinhos é ímpar. acabei de perguntar a edjane, no sp de tácito, por você. tenho lido seus pertinentes (vai bem a palavra ?) comentários no acontecimentos de antonio cícero. e dane-se a palavra blog e similares.

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  4. Amigo João, andei cometendo uma gafe no Substantivo Plural de Tácito: troquei o nome de Ednar Andrade (que posta textos lá) por Edjane que frequenta também o SP, postando textos, inclusive falando em você.Peça desculpas a Edjane por mim, gostaria de conhecê-la.Já desfiz esse equívoco com Tácito. Abraços, meu rei.

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  5. Falou, Gurgel. Falou, Jarbas. Ah, Jarbas, a Edjane é minha amiga. Cê vai conhecê-la. É poeta do Seridó. Bela poeta. Abraço, João

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