sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Noturno recifense

Passou ao largo o vendedor de flores.
- Estou sozinho.
Logo aqui onde outrora os belos destinos
floresciam.

Nem me notou o vendedor de flores.
- Estou sozinho.

Sabedor que a noite não é de pássaros erradios
nem me olhou o vendedor de flores.

Vindo de céus olvidados pousou um anjo.
Por ele e por mim passou, sem nos ligar,
o vendedor de flores -
que o nosso jardim não carece delas.

Benito Barros

BARROS, Benito. Cemitério de pipas. Macau: ICEC, 1998, p. 109.

Nenhum comentário:

Postar um comentário