ROSA DE MELANCOLIA
Era eu noutro tempo um pastor de estrelas,
e a vida era como luminoso canto.
Um símbolo eram as coisas mais belas
para mim: a rosa, a menina, o acanto.
E era a harmoniosa voz do mundo, u'a
onda azul que rompe na praia de ouro,
cantando o oculto poderio da lua
sobre os destinos do humano coro.
Dava-me Epicuro suas ânforas cheias,
um fauno me dava sua agreste alegria,
um pastor da Arcádia, mel de suas colmeias.
Mas até o sonho navegando um dia,
escutei distante canto de sereias
e adoeceu minha alma de Melancolia.
Ramón María del Valle-Inclán
Tradução: Fábio Aristimunho Vargas
IN: VARGAS, Fábio A (Org.). Poesia espanhola. Das origens à guerra civil. São Paulo: Hedra, 2009, p. 96.
domingo, 7 de novembro de 2010
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